domingo, 13 de setembro de 2009

Chegamos ao fim.

Então chegamos ao fim, e nem vivemos felizes para sempre. Essa é mais uma das minhas histórias, e deve ter sido tão pouco real quanto qualquer um dos meus faz de contas. Mas não posso evitar que meu coração acredite que também houve verdade. Em cada fantasia, mesmo que parecesse não haver. Houve verdade quando te falei sobre o amor, porque era a explicação menos racional e mais sincera que eu tinha para te oferecer. Houve verdade quando você esteve quieto e eu tentei acelerar a câmera lenta dos seus gestos. Houve verdade nos abraços e nos sorrisos. Houve verdade de sentimento, daquelas verdades inquestionáveis, que não se resolvem com a mesma lógica de uma equação matemática. Houve verdade no meu modo de te enxergar, e na forma como enxerguei as coisas ao seu lado. Houve verdade quando discordamos e quando dividimos as mesmas ideias. Houve verdade nas frases sérias, nas declarações previsíveis e nas brincadeiras infantis. Houve verdade quando fechei os olhos e deixei que você decidisse o que fazer. Houve verdade nos sons, nos gostos e nas cores. Houve verdade entre o encaixe das minhas mãos nas suas. Houve verdade no timbre da sua voz, na reação das suas expressões e nos movimentos dos seus olhos para dizer que eu estava errada. Houve verdade quando escolhi você. Houve verdade quando estive por perto. E também quando estive longe. Houve verdade quando entendi que durante muito tempo estive no lugar errado. Houve verdade quando finalmente deixei de te escolher. Houve verdade quando as cenas se transformaram em outras sequências, e quando surgiram novos papéis para novos personagens. Quando eu não protagonizei o que outro dia protagonizava, quando cortei pequenos laços que nos atavam, quando bifurquei nossos caminhos e segui na direção contrária. Houve verdade. Quando respirei mais fundo e vi que todas as minhas impressões sobre nós dois haviam mudado. Quando parou de fazer sentido acreditar, e todos os pequenos grandes enganos foram desfeitos. Quando abri a mão para que ela não encaixasse, e aceitei enfim que eu estava – o tempo inteiro – errada, como ouvi que estaria. Houve verdade. É que as coisas que passam não se tornam menos verdadeiras por terem passado. Apenas mudam. Aquilo que havia, e que eu disse que haveria sempre, já não há mais. Adivinhe. Eu realmente não estava sempre certa. E só espero que você não se importe, que eu leve a parte que me cabe em tudo isso. A parte contrária à sua, onde sempre – e inevitavelmente – houve verdade. Porque chegamos ao fim, e nem vivemos felizes para sempre.

2 comentários:

  1. pelo menos toda a historia foi construida sobre verdades, isso deixa a consciencia mais tranquila, creio eu.

    e o "sempre" é relativo,
    pensa assim :)

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  2. Saber que enquanto o conto de fadas era escrito não houve mentiras já é um alivio. Já ouviu aquela frase "que seja eterno enquanto dure", eu tenho certeza que deve ter sido.
    Finais felizes nem sempre são como sonhamos.


    Beeijos

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