sábado, 22 de agosto de 2009

Dorme bem, anjo.

As pessoas sonham com os olhos abertos.
É como se bastasse apenas que estivessem vivas, e que desejassem algo diferente daquilo que vivem.
Mas as pessoas também fecham os olhos.
E, às vezes, elas dormem para sempre.
Quando as amamos, nunca entendemos exatamente por que. Então somente aceitamos que adormeçam.
Sentimos como se estivéssemos puxando seus cobertores e lhes desejando boa noite. Então suas vidas inteiras parecem ter sido um único dia. E deixamos que durmam.
Talvez o dia tenha sido difícil. Talvez não. Talvez tenha sido mais uma espécie de viagem, daquelas em que cada paisagem é uma nova descoberta, cada estrada é um novo roteiro, cada lugar é uma nova parada, e cada encontro é uma nova surpresa.
No fundo, somos todos como pequenas crianças. Não faz diferença se machucamos o joelho depois de cair. E não importa o quanto nossas brincadeiras pareçam divertidas. Mais cedo ou mais tarde, os relógios trazem a hora de dormir.
E depois de um dia inteiro, ou depois de toda uma vida, abrimos nossos olhos para as pessoas que amamos. Então, de repente, elas dormem. Como se estivessem finalmente tranqüilas, definitivamente em paz. E enquanto ainda estamos acordados, sorrimos e dizemos: “Dorme bem.”
Dorme bem, anjo.
Porque as pessoas também podem fechar os olhos.
E, às vezes, elas dormem para sempre.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

No seu espelho, no seu bolso.

Uma boa história de amor acontece de muitas formas.
Algumas duram horas completas. Talvez dias, talvez anos, talvez vidas. Os começos normalmente são mias simples que os finais; e os meios são todas as pequenas chances aproveitadas, somadas àquelas que se deixam desperdiçar. Uma boa história de amor consome tempo bastante para que não seja tão curta ou tão longa. Se todos os sentimentos fossem eternos, existiria apenas u único destino ao nosso encontro. E uma historia sem desencontros, não seria tão boa para ser de amor.
Isto era tudo que ela sabia quando abriu os olhos.
Então era pouco cedo para estar acordada, e muito tarde para ter alguma pressa.
Não fazia tanto sentido, mas ela poderia dizer que ouviu a porta bater. E se estivesse certa, ele teria partido.
Como aquelas coisas que partem depois de terem estado entre nossos dedos. Como aqueles enfeites de porcelana que se quebram, ou aqueles sabores que dissolvem. Simplesmente acontece.
E o que ela poderia fazer que já não houvesse feito?
Talvez pudesse andar até o espelho. Refazer as mesmas perguntas, procurar as mesmas respostas. Repassar as cenas decoradas. Comprovar que ela estava, enfim, sozinha, sem ele, só em frente à própria imagem.
Era infinitamente mais fácil olhar para si mesma.
E se observando no próprio reflexo, ela encontrou. Mesmo que não buscasse, ali estava.
Havia um papel no espelho.
E ela iria ler o que estava escrito. E assim, então, ele não a a teria deixado sem se despedir.
No seu espelho. Precisei ir. Lamento criar surpresa. Não espero que entenda, mas ainda amo você, sem poder oferecer nenhuma grande explicação.”
Então era isto.
Tudo absolutamente previsível, como ela supôs que iria ser.
E seria óbvio reclamar, mas ela sorriu.
Mais cedo ou mais tarde, depois de ter batido a porta e caminhado algumas ruas, ele se perguntaria o quanto ela iria sofrer, por não terem tido um final mais feliz.
Ela sabia. Sempre soube.
Poderia imaginá-lo colocando as mãos nos bolsos.
E também encontraria um bilhete dela.
No seu bolso. Se encontrou, provavelmente não estou por perto. Você precisou ir. E eu sabia que aconteceria. Lamento estragar a surpresa. E não espero que entenda, mas também amo você, sem precisar de nenhuma grande explicação.”
É que boas histórias de amor acontecem de muitas formas. Algumas duram horas completas. Talvez dias, talvez anos, talvez vidas.
Você sabe, muitas precisam de finais felizes. Outras, precisam apenas acontecer.
Porque cada boa história de amor que acontece, tem sempre a sua chance de recomeçar.