Não, menina, não chora. Isso tudo é tão pequeno, isso tudo é tão bobagem... não chora, menina. Ou eu terei que recolher suas lágrimas com um dos meus dedos, e devolvê-las todas para os seus olhos antes muito menos embaçados. Não chora, que amanhã é outro dia, e os dias seguintes são seu sempre, são para sempre. Você nem sabe, mas está tão linda com o queixo apoiado nas mãos, que nesse instante eu sinto uma vontade imensa de carregá-la em meus braços, para longe de tudo que possa fazer-lhe algum mal. E você deve ser tão leve de se carregar, mesmo com esse peso de mundo nas costas. Quem consegue chorar com tanta delicadeza certamente praticou muito. E eu não quero que você pratique mais, menina. Não se machuque, não se atormente, não se culpe, não se aflija. Não chore. Essas coisas todas são como açúcar se dissolvendo naqueles copos cheios de água - aqueles que lhe entregavam quando não sabiam como consolá-la. Essas coisas são o açúcar. E você, menina, você é a água. Você é o copo transbordando em tempestades desnecessárias. Mas você é também a calmaria de oásis curando a sede. Então não chore, não escorra, não transborde. Seja mais oásis e menos tempestade. Seja água e deixe que essas coisas sejam açúcar, deixe que essas coisas todas que pesam sobre o queixo apoiado nas mãos sejam solúveis. E por favor, menina, enquanto essas coisas se dissolvem, cuide para que - assim como a água dissolvendo o açúcar - você consiga se tornar sempre um pouco mais doce.