Por nós, o prazer foi meu.
Não é sempre o que se diz, depois que se conhece alguém de quem se gosta?
Sim. O prazer foi todo meu. E não porque eu apenas tenha conhecido pessoas das quais tenha gostado. Mas porque nelas, encontrei novamente a mim mesma.
Tive de volta as pequenas frações que eu havia perdido em um lugar qualquer, entre os tantos lugares errados por onde andei. E me senti voltando a mim, retornando ao lugar certo, como quando se reconstrói uma estrada até retomar os primeiros passos. Ou como quando se abre novamente uma velha porta, e se sente seguro outra vez.
Então era esse o som dos nossos risos? Eu quase esqueci como soavam bem, como vinham fáceis e inexplicáveis, como encerravam nossas pequenas bobagens e nossos comentários sem propósito.
Era assim que nos completávamos? Tão simples. Como um pequeno mosaico de características diferentes que se encaixam, e que justamente por não serem iguais, se complementam.
Por que não me contaram que seria assim tão bom? Por que não me disseram que passaria assim tão rápido, se eu mesma escrevi sobre a eternidade que cabe num piscar de olhos? Talvez eu tenha piscado. Já nem sei.
Me contem como aconteceu, se acredito que ainda continua acontecendo.
Os seus adesivos vermelhos, brancos e pretos, se ajustam com as borboletas do meu caderno? E o rosa da fita do meu pulso, combina com as três cores da pulseira no seu? As horas que passam no meu relógio, te parecem passar iguais? E se eu apertar de volta a sua cintura, você vai sentir cócegas e começar a girar em torno de si também? Quando eu erguer uma das mãos, a sua estará perto para que se encontrem? E depois das minhas perguntas, existirão sempre as suas respostas?
Eu aceito o risco.
E aceito que tudo seja tão injustamente imprevisível, para que cada etapa seja um tipo de surpresa. Não foi sempre assim? Horas, que viraram dias, que viraram meses, que viraram anos. Coincidências, que viraram acasos, que viraram encontros.
E o prazer foi todo meu.
Dos 'zinhos' que acrescentei aos seus nomes, às vezes em que fiquei vermelha sem um porquê. Do antes até o depois, porque vocês foram os prólogos e também os epílogos que couberam nas minhas histórias.
Então, me levem quando o tempo nos levar uns dos outros. Sim. Levem inteiramente as partes que quiserem levar. E da mesma forma que guardaram todas elas até que eu voltasse mais para perto, guardem outra vez. Quem sabe. Há muitas maneiras de se voltar até alguém.
E eu levarei aquilo que mora dentro das fotos, vocês se importam? O que deu sentido a cada uma dessas minhas palavras, mesmo que ninguém as entenda além de mim. Vocês sabem. Aqueles sinais abstratos que se escondem entre os gestos, para que comecemos a procurar. Aqueles que procuro. E que eu vejo sempre que olho de lado, porque vejo também vocês.
O prazer foi todo meu. Até aqui e mais adiante. Porque os encontrei.
E porque encontrei esse nós. A minha primeira pessoa do plural, que me alcançou quando alcancei vocês.