segunda-feira, 31 de maio de 2010
Frágil
Digite os caracteres mostrados na figura. Tudo bem, então: um F, um R, depois um A, um G, um I e por último um L. Depois percebo que se eu acrescentasse um acento, seria Frágil. Eu, que já sou mesmo, e admito que sim. E me pergunto: foi um aviso? Então me lembro daquelas caixinhas com plástico bolha, e bolinhas de isopor ou de algodão. Frágil. Me lembro de vidros, cristais e espelhos. E penso que às vezes nós também deveríamos encaixotar alguns planos, alguns sentimentos que se transformam em caquinhos, quando nossas caixas desabam no chão. Mas vamos desse jeito mesmo. Juntando caquinhos, colando caquinhos, varrendo caquinhos. Vamos, embrulhando as coisas que são inteiras, antes que se quebrem também. Porque há muito de mim que estaria mais seguro se eu embrulhasse. Mas essa minha mania de sentir tudo, e de sentir tanto... essa minha mania de deixar que toquem tão fundo e tão dentro, essa minha mania me desembrulha. Me desfaz em caquinhos que eu mesma preciso recolher depois. Um caquinho de cada vez. Um caquinho de cada vez.
terça-feira, 25 de maio de 2010
De coração
"Amizade é matéria de salvação." (Clarice Lispector)
Não se trata de quando, como ou para quê. Não se trata da forma que aconteceu. Essa forma que (com o tempo) tem se tornado cada vez mais difusa e menos nítida, como uma lembrança antiga e borrada que pouco a pouco vai se dissolvendo. Não se trata dela, nem mesmo das circunstâncias que foram criadas - por você, por mim ou pela nossa sorte. Não se trata nem mesmo do fato de podermos nos considerar sortudos.
Se trata do fato de, assim enlaçados, nos tratarmos por nós.
Não se trata do quanto nos consideramos espertos, mas sim de acharmos graça da esperteza que ainda nos falta diante da vida. Essas nossas ironias bobas, essas nossas piadas mal acabadas, esses nossos risos que ecoam juntos e parecem nunca precisar parar. Se trata de quando eles param, e continuamos próximos sem perguntas, sem medos, sem desesperos. Se trata do reverso do próprio riso parado, que garante os seus abraços para interromper meus choros mal engolidos. Se trata de não precisar engolir. E poder deixar que tudo transpareça, flutue, como bóias de salvação que emergem lá do fundo. E se trata (enfim) de, no fundo, eu - quase sempre tão fechada - poder me abrir dizendo amo você.
Desse amor sem cobranças, julgamentos ou dívidas, que me parece mais certo do que qualquer outro.
Esse que mesmo quando (aos outros) parece errado, mesmo quando perde parte de seu sentido, me faz ganhar centenas de coisas em troca. Coisas de amor trocado. Quando se concede, e se cede, por mais que se tenha razão.
Não se trata de nomes, datas ou contratos. Não se trata nem mesmo da profundidade que ainda ontem eu disse que trataria. Se trata de estar no instante em que é preciso que alguém esteja. Se trata de ser nas bifurcações onde é preciso que alguém seja. Porque se trata de tornar-se alguém, e só. E continuar tornando-se. Nunca sozinho, nem tão longe, nem tão ausente.
Se trata de permanecer perto o bastante para salvar e deixar-se ser salvo.
Perto o bastante para ainda bater junto. De dentro. De coração.
Não se trata de quando, como ou para quê. Não se trata da forma que aconteceu. Essa forma que (com o tempo) tem se tornado cada vez mais difusa e menos nítida, como uma lembrança antiga e borrada que pouco a pouco vai se dissolvendo. Não se trata dela, nem mesmo das circunstâncias que foram criadas - por você, por mim ou pela nossa sorte. Não se trata nem mesmo do fato de podermos nos considerar sortudos.
Se trata do fato de, assim enlaçados, nos tratarmos por nós.
Não se trata do quanto nos consideramos espertos, mas sim de acharmos graça da esperteza que ainda nos falta diante da vida. Essas nossas ironias bobas, essas nossas piadas mal acabadas, esses nossos risos que ecoam juntos e parecem nunca precisar parar. Se trata de quando eles param, e continuamos próximos sem perguntas, sem medos, sem desesperos. Se trata do reverso do próprio riso parado, que garante os seus abraços para interromper meus choros mal engolidos. Se trata de não precisar engolir. E poder deixar que tudo transpareça, flutue, como bóias de salvação que emergem lá do fundo. E se trata (enfim) de, no fundo, eu - quase sempre tão fechada - poder me abrir dizendo amo você.
Desse amor sem cobranças, julgamentos ou dívidas, que me parece mais certo do que qualquer outro.
Esse que mesmo quando (aos outros) parece errado, mesmo quando perde parte de seu sentido, me faz ganhar centenas de coisas em troca. Coisas de amor trocado. Quando se concede, e se cede, por mais que se tenha razão.
Não se trata de nomes, datas ou contratos. Não se trata nem mesmo da profundidade que ainda ontem eu disse que trataria. Se trata de estar no instante em que é preciso que alguém esteja. Se trata de ser nas bifurcações onde é preciso que alguém seja. Porque se trata de tornar-se alguém, e só. E continuar tornando-se. Nunca sozinho, nem tão longe, nem tão ausente.
Se trata de permanecer perto o bastante para salvar e deixar-se ser salvo.
Perto o bastante para ainda bater junto. De dentro. De coração.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Grata.
Agradecimentos a Bruna Serpeloni, do Broken Beating Heart, e a Priscila Cristiane, do Prixty, pelos selos e pela lembrança de terem me indicado. Podem me encontrar em seus blogs, e recomendo que outras pessoas tentem ser encontradas neles - vale a pena.
Gostaria de dedicar estes aos blogueiros que os aceitarem.
domingo, 16 de maio de 2010
Mágico
Mágico para mim é tudo aquilo que acontece depois. Depois de quase não mais acreditarmos em magia, depois de quase não sustentarmos nossa fé em nós mesmos e nas coisas boas que (mais cedo ou mais tarde) começam a acontecer. Mágico é a surpresa de encontrar o que se pensava ter perdido, em todos os sentidos de perder. Mágico é essa recuperação de nós mesmos, esses gestos incansáveis de reerguer as estruturas sobre as quais nos apoiamos, para, enfim, seguirmos em frente. Mágico é ter coragem suficiente para romper com aquilo que se torna pesado demais, denso demais, quebradiço demais. A magia é o amor, é tudo que nos move e tudo o que movemos. É não definir completamente nada, nem mesmo o mágico, para nos dar a chance de ter sempre essa dádiva: mágico é surpreender-se.
Esse selo foi um presente do Fernando Leite, do blog Ao Final do Inverno. E eu agradeço a lembrança, os comentários, o meu blog em sua lista, e mesmo seus textos que também me presenteiam. Obrigada.
As regras são:
Esse selo foi um presente do Fernando Leite, do blog Ao Final do Inverno. E eu agradeço a lembrança, os comentários, o meu blog em sua lista, e mesmo seus textos que também me presenteiam. Obrigada.
As regras são:
- pegue o selo
- responda a pergunta (O que é mágico para você?)
- repasse para 10 blogs
- indique de onde pegou o selo
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Cinco minutos
O Projeto de Lei n. 215/2007, que institui o Código Federal de Bem-Estar Animal, de autoria do Deputado Federal Ricardo Tripoli (PSDB-SP), é um forte instrumento legal de defesa animal. Acompanha as exigências da União Européia, vedando práticas e regulamentando atividades na área de produção animal, experimentação e controle populacional de animais em meio urbano. Aprovar um projeto deste porte no Congresso Nacional é bastante complexo, pois a maioria dos parlamentares não se importa com a vida animal. Por isso, precisamos demonstrar a força das pessoas que amam e defendem os animais com este abaixo-assinado, pedindo urgência na aprovação do Código de Bem-Estar Animal.
PRECISAMOS DE 500 MIL ASSINATURAS.
ASSINE AQUI: http://www.leideprotecaoanimal.com.br/
PRECISAMOS DE 500 MIL ASSINATURAS.
ASSINE AQUI: http://www.leideprotecaoanimal.com.br/
terça-feira, 4 de maio de 2010
Agora tanto faz.
Por favor, menininha, se impermeabilize mais. Por favor não se quebre em tantas partes, não se descosture, não se rasgue. Por favor, não chore. Não, não chore. Escreva em seu blog, escreva em todas aquelas folhas em branco dos seus cadernos, e transforme tudo isso que você sente agora em algo de bom. Algo para depois. Como aquelas quedas, que dias após são apenas joelhos arranhados, e em mais alguns dias não são quase nada. Por favor, menininha, peça para alguém soprar, peça para alguém segurar. Encontre alguém que dê umas batidinhas nos seus arranhões e te pergunte se passou a dor. E permita que passe.
Menininha, não queira ser tão forte. Ninguém precisa ser.
Não diga que não foi nada, quando te perguntarem o que aconteceu. Por favor, seja um pouquinho mais corajosa e deixe que saibam. Aceite que na maioria das vezes, as pessoas desconfiam, e em alguns pequenos intervalos de suspeitas, elas encontram. Elas descobrem. E você não precisa, menininha, se sentir assim tão invadida - assim tão estranha aos outros, assim tão solta, tão frágil.
Vamos, menininha, você já chegou tão mais longe do que supôs que chegaria. Não tenha tanto medo. Procure embaixo da cama para ter certeza de que não há nada no escuro para assustar você. Porque é justamente quando as coisas se tornam claras, que é mais assustador enfrentar todas elas.
E quando não puder gritar alto o bastante para que alguém te salve, menininha, segure as suas próprias mãos. Talvez estivessem tentando te ensinar isso, quando disseram que você era ímpar. Talvez você precise entender que, de vez em quando, ímpar não tem mesmo par.
Por favor, menininha, não chore. Não se sinta tão boba ou indefesa só porque se sente pequena. Lembre das estrelinhas, lembre das formiguinhas, e de todas as lembranças nas quais se encaixe um diminutivo que você goste. Mas não deixe (jamais) que te diminuam.
Vamos, menininha, cresça. Escreva, escreva, e não chore assim. Mesmo que você se exponha, mesmo que te critiquem. Acredite, menininha: alguém vai ler e então pensar que não está sozinho(a). Alguém vai te ler, e te ter como companhia, somente por saber que você também precisa ser acompanhada. Então, menininha, esqueça todo o resto.
Porque agora tanto faz.
Menininha, não queira ser tão forte. Ninguém precisa ser.
Não diga que não foi nada, quando te perguntarem o que aconteceu. Por favor, seja um pouquinho mais corajosa e deixe que saibam. Aceite que na maioria das vezes, as pessoas desconfiam, e em alguns pequenos intervalos de suspeitas, elas encontram. Elas descobrem. E você não precisa, menininha, se sentir assim tão invadida - assim tão estranha aos outros, assim tão solta, tão frágil.
Vamos, menininha, você já chegou tão mais longe do que supôs que chegaria. Não tenha tanto medo. Procure embaixo da cama para ter certeza de que não há nada no escuro para assustar você. Porque é justamente quando as coisas se tornam claras, que é mais assustador enfrentar todas elas.
E quando não puder gritar alto o bastante para que alguém te salve, menininha, segure as suas próprias mãos. Talvez estivessem tentando te ensinar isso, quando disseram que você era ímpar. Talvez você precise entender que, de vez em quando, ímpar não tem mesmo par.
Por favor, menininha, não chore. Não se sinta tão boba ou indefesa só porque se sente pequena. Lembre das estrelinhas, lembre das formiguinhas, e de todas as lembranças nas quais se encaixe um diminutivo que você goste. Mas não deixe (jamais) que te diminuam.
Vamos, menininha, cresça. Escreva, escreva, e não chore assim. Mesmo que você se exponha, mesmo que te critiquem. Acredite, menininha: alguém vai ler e então pensar que não está sozinho(a). Alguém vai te ler, e te ter como companhia, somente por saber que você também precisa ser acompanhada. Então, menininha, esqueça todo o resto.
Porque agora tanto faz.
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