And they lived happily ever after. De todas as frases literárias, certamente a minha preferida. Não significando, entretanto, qualquer oposição ao Carpe Diem da fase árcade. É que o ever after sempre me fascinou muito mais do que o aproveitamento máximo de um único dia. Embora esse não seja exatamente o ponto. O ponto - que na verdade são reticências de uma longa história - é que o destino me deu um romance Carpe Diem (e) ever after, para que eu mesma o escrevesse. E porque minhas mãos e criatividade não eram suficientes, um outro personagem principal escreve comigo, enquanto me sinto deitada sob cobertores, ouvindo um conto romântico que me levará a dormir em paz. Um conto romântico que, apenas pelo seu romantismo, guarda encontros e desencontros, desses que derretem e ressolidificam o coração com tanto esmero, com tanta graça, que chega a parecer que este jamais se derreteu. No meu romance - assim como em qualquer outro que seja honesto e não fantasioso - é necessária a eternidade de muitos Carpe Diem(s) costurados, para se construir um ever after. E na vida de verdade, na vida real, nada se apaga, nada se exclui, nada se deixa de escrever. Não há páginas em branco que não sejam futuras. Não há uma última página enquanto não se perde o escritor. E todos os momentos mais simples, mais ingênuos, mais inadequados, mais secretos, mais fundos, mais improvisados, mais acidentais, mais comuns... todos os momentos são partes da história. Da nossa história, entendem? Então escrevo. Escrevemos. E esse outro personagem principal surge em minhas manhãs cinzentas, bate à minha porta com flores e sorrisos, e - Carpe Diem! - meus dias se tornam especiais. E porque no mundo tangível nada se omite por muito tempo, esse personagem é capaz de me amar assim: mais humana e desprotegida do que qualquer princesa dos meus contos de fadas. Porque no fundo, se o amor se transformasse no segundo seguinte, eu ficaria feliz em ser apenas a fada madrinha que pessoas nobres, como ele, merecem ter. Eu consertaria todas essas rachaduras do mundo, e nos abraçaríamos desse modo apertado que ele me abraça enquanto eu faço planos: ever after. E de repente a vida me parece toda tão quentinha, tão linda, tão mágica, que nesses abraços eu peço - a qualquer força, a qualquer sorte, a qualquer coisa - para que minhas páginas futuras não sejam muito diferentes das dele. Para que se não for eterno, o amor seja mesmo infinito, como a Literatura disse que seria. E para que ele continue sendo o Carpe Diem dos meus dias, e o para sempre do meu coração.
And we could live happily ever after.