quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ele

And they lived happily ever after. De todas as frases literárias, certamente a minha preferida. Não significando, entretanto, qualquer oposição ao Carpe Diem da fase árcade. É que o ever after sempre me fascinou muito mais do que o aproveitamento máximo de um único dia. Embora esse não seja exatamente o ponto. O ponto - que na verdade são reticências de uma longa história - é que o destino me deu um romance Carpe Diem (e) ever after, para que eu mesma o escrevesse. E porque minhas mãos e criatividade não eram suficientes, um outro personagem principal escreve comigo, enquanto me sinto deitada sob cobertores, ouvindo um conto romântico que me levará a dormir em paz. Um conto romântico que, apenas pelo seu romantismo, guarda encontros e desencontros, desses que derretem e ressolidificam o coração com tanto esmero, com tanta graça, que chega a parecer que este jamais se derreteu. No meu romance - assim como em qualquer outro que seja honesto e não fantasioso - é necessária a eternidade de muitos Carpe Diem(s) costurados, para se construir um ever after. E na vida de verdade, na vida real, nada se apaga, nada se exclui, nada se deixa de escrever. Não há páginas em branco que não sejam futuras. Não há uma última página enquanto não se perde o escritor. E todos os momentos mais simples, mais ingênuos, mais inadequados, mais secretos, mais fundos, mais improvisados, mais acidentais, mais comuns... todos os momentos são partes da história. Da nossa história, entendem? Então escrevo. Escrevemos. E esse outro personagem principal surge em minhas manhãs cinzentas, bate à minha porta com flores e sorrisos, e - Carpe Diem! - meus dias se tornam especiais. E porque no mundo tangível nada se omite por muito tempo, esse personagem é capaz de me amar assim: mais humana e desprotegida do que qualquer princesa dos meus contos de fadas. Porque no fundo, se o amor se transformasse no segundo seguinte, eu ficaria feliz em ser apenas a fada madrinha que pessoas nobres, como ele, merecem ter. Eu consertaria todas essas rachaduras do mundo, e nos abraçaríamos desse modo apertado que ele me abraça enquanto eu faço planos: ever after. E de repente a vida me parece toda tão quentinha, tão linda, tão mágica, que nesses abraços eu peço - a qualquer força, a qualquer sorte, a qualquer coisa - para que minhas páginas futuras não sejam muito diferentes das dele. Para que se não for eterno, o amor seja mesmo infinito, como a Literatura disse que seria. E para que ele continue sendo o Carpe Diem dos meus dias, e o para sempre do meu coração.

And we could live happily ever after.

16 comentários:

  1. Olá, Larissa!
    Muito obrigado pelo comentário lá no blog, gostei:).

    Como sempre, amei seu texto. Você escreve e detalha muito bem, menina! Me deixa feliz e em paz! Seu blog sempre foi um dos que mais gosto de ler, viu. De verdade!

    Grande beijo.

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  2. Gosto de blogs pessoais e principalmente de pessoas que escrevem bem.
    Bem, eu acredito que seja necessário mesclar um pouco de cada coisa, saber viver à lá "carpe diem", mas é possível transformá-los em um ever after..

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  3. Sabe Larissa é disso que eu gosto no que você escreve: o real.
    E não é um real qualquer. É um real com uma certa magia que adoça os ouvidos de quem lê.
    É aquele suspiro que se dá quando se sabe não ter pedido o tempo fazendo algo.
    Você consegue tocar nos pontos mais fantasiosos da alma de quem sonha sem fazer com que voe além de onde os pés podem ir.
    Fazendo com que a gente sonhe com o real. Aquilo que é possível. Aquilo que é tangível.
    Sem deixar de saber que tudo tem o seu pouquinho de impossível.

    Como sempre, obrigado por suas ótimas palavras.

    Meu beijo!

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  4. Poderíamos viver felizes para sempre mesmo, seria tão mais fácil, tão mais confortável e ... tão utópico. E quando falo em utopia lembro logo de uma frase que guardo comigo por muito tempo "A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar", é de Eduardo Galeano e me serve de inspiração, de apôio,e de força em determinados momentos.
    Fui acostumada a ouvir sempre aquela frase dos opostos " sem a tristeza, a felicidade não valeria tanto" e sabe, eu até acredito nela.
    Eu adoro esses textos que tu escreves, são cheios de realidade mas uma realidade tão surreal, tão necessitada sabe ?
    E, bem, eu adorei, como sempre. Beijo.

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  5. ''Para que se não for eterno, o amor seja mesmo infinito, como a Literatura disse que seria. E para que ele continue sendo o Carpe Diem dos meus dias, e o para sempre do meu coração.''
    eu amei, de verdade. eu sempre fui fascinada pelo ''para sempre'', desde criança. E, a alguns anos atrás, descobri o carpe diem que passou a ser para mim meu lema de vida. E, você, neste texto juntou os dois de uma forma tão bela, tão mágica e ao mesmo tempo tão real. O que vale é isso, vivermos uma continuidade de carpe diems até o para sempre, até o final feliz para que não só o fim assim o seja mas toda a vida, para sempre feliz, para sempre aproveitando cada dia. um beijo

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  6. Saber viver de verdade a vida, sem ser apenas por viver, passou a ser dificil para nós. Mesmo que aquela pessoa diga que está vivendo de verdade, no fundo, ela sabe que falta alguma coisa. Talvez o feliz sempre? Porque não é possível alguém ser feliz o tempo inteiro, a menos que seja louco e viva no mundo da lua. A verdade, é que já nos acostumamos que não há um unico sentimento que permanece, que não há o oposto, a parte ruim da vida. Então, agora é dificil para nós querer mudar. Se bem que nunca é tarde para tentar ser feliz, pelo menos na maioria do tempo e quem sabe assim encontrar o "feliz para sempre".

    Beijinhos, adorei o texto.
    Se cuida s2

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  7. nada é aterno.
    só as lembranças.


    =)

    bjsmeus

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  8. Olá!!
    Venho me desculpar por minha ausencia, estive resolvendo problemas, mas ja estou de volta!

    Que vc tenha uma ótima noite beijoo!

    Te espero no Alma.

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  9. Muito intenso... que continue vivendo essa magia, loucura, amor, felicidade, nem sei qual a palavra adequada a ser usada, mas enfim, continue...

    Para que se não for eterno, o amor seja mesmo infinito.

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  10. Você é sempre assim: magnífica, e eu gosto muito, muito de como você é. Até porque me identifico bastante, rs.
    Me avise quando enviar a carta, e envie logo, por favor.. Estou precisando do carinho que sei que ela trará. ♥

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  11. Mudei a morada do blog para : www.umnovoinicio.blogspot.com

    bjs

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  12. Adorei o seu texto e seu blog :)

    estou te seguindo :)

    se puder retribuir, passe por lá

    www.medicinepractises.blogspot.com

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  13. Ótima analogia, gigantesca sensibilidade.
    Um texto pautado em sabedoria com pitadas de fantasia.

    Cheguei aqui ao acaso e ficarei por prazer.

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  14. Ai, Larissa! Para! Para de ser tão amável. rs
    É inexplicavelmente delicioso vir aqui e ler você. Ou vocês... né? É tanta alegria que é quase incompreensível o sentimento que move o seu texto: o amor correspondido. Essa sensação quentinha. Vontade de viver o mesmo carpe diem e ever after de vocês.

    Linda.

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  15. Este comentário foi removido pelo autor.

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  16. Lindos textos tão doces e leves como a autora. E afinal o que nos impede de viver esse felizes para sempre? Continuem aproveitando cada dia juntos =)

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