The day that you fall, I'll be right behind you
To pick up the pieces
If you don't believe me, just look into my eyes
'Cause the heart never lies
'Cause the heart never lies
Naquele dia, aos onze anos, quando lhe entreguei o porta retrato - sem foto - ela me prometeu que continuaríamos amigas, independente da sala onde estudássemos. E como faz até hoje, ela disse que não queria me ver chorar por isso. Ela, aliás, não quer me ver chorar por motivo nenhum. Mas quando eu o faço, ela é a primeira a sentar-se nos degraus molhados da escada e me abraçar. Ela é a primeira a tentar me convencer de que, se eu continuar chorando, ela terminará por fazer o mesmo - e talvez para protegê-la, eu vou parando as lágrimas aos poucos, sabendo que sua intenção, na verdade, é somente me proteger.
Anos depois, aos quinze, nos sentávamos lado a lado diariamente, e trocávamos nossos bilhetes, que falavam muito menos do que nossas expressões mudas, ainda hoje tão sincronizadas e confidenciais. Naquela época, nós duas éramos três. A terceira parte, outra garota também baixinha, e tão linda com seus olhinhos com manchinhas e cores diferentes, certamente nos atraiu pessoas incríveis que talvez nunca houvéssemos conhecido. Talvez. E essa é, de todas as minhas lembranças, uma das mais fraternas e sinceras: nós três. Aquela madrugada em que saímos dançando Satellite ao som do Guster pela sala da casa dela, dopadas de sono, brigadeiro e Coca Cola. Aqueles dias em que viajamos à praia e tentamos ver o sol nascer, comendo doces e lendo revistas idiotas. Aquela noite em que assistimos filmes de terror e terminamos abraçadas as três, insones e barulhentas. Aquela esfera celeste que ninguém mais enxergaria, aqueles medos que ninguém mais entenderia, aquelas músicas que nos diziam qualquer coisa sobre easier together. E era mesmo tudo mais fácil quando estávamos juntas. Disso eu jamais esquecerei.
E hoje, aos dezoito (ou dezenove), somos novamente nós duas. Em outro cenário, em outro contexto. A nossa terceira parte, é claro, permanece conectada mesmo que não nos encontremos sempre. Mas, particularmente, quando me viro e novamente a vejo, ela, sentada ao meu lado, é quase difícil de acreditar nesse acaso todo, nessa sorte toda. Como chegamos até aqui? Aliás: como a vida nos separou e reaproximou tantas vezes, em momentos tão diferentes? E agora nossos futuros, quem diria, estão irremediavelmente embaralhados um ao outro. Eu já não sou mais a futura médica que era aos onze anos, mas ela continua sendo a futura jornalista que no fundo sempre foi. O que atesta que fui eu quem mudou de lugar. Mas, na verdade, penso agora, devo ter me mudado para o lugar certo, já que ela continua sentada ao meu lado esquerdo.
E por isso vou compará-la à bailarina clássica que eu sei que ela já sentiu vontade de ser, e direi que ambas estamos dançando em busca do nosso Aplomb* na ponta das nossas sapatilhas. Muito provavelmente ao som do Guster cantando Satellite. Talvez uma instrumental, talvez um rock... não importa tanto. Hoje é preciso apenas que ela saiba que dançamos juntas. É preciso que ela saiba que estamos e estaremos juntas. Que se fôssemos médicas, jornalistas ou bailarinas, ainda estaríamos juntas.
Porque o que o sangue não fez, a vida tem feito: ela continua sendo uma fração de mim.
*APLOMB- Aprumo. Dá-se o nome de Aplomb à elegância e ao controle perfeito do corpo e dos pés, conseguido pelo bailarino ao executar o movimento.
Anos depois, aos quinze, nos sentávamos lado a lado diariamente, e trocávamos nossos bilhetes, que falavam muito menos do que nossas expressões mudas, ainda hoje tão sincronizadas e confidenciais. Naquela época, nós duas éramos três. A terceira parte, outra garota também baixinha, e tão linda com seus olhinhos com manchinhas e cores diferentes, certamente nos atraiu pessoas incríveis que talvez nunca houvéssemos conhecido. Talvez. E essa é, de todas as minhas lembranças, uma das mais fraternas e sinceras: nós três. Aquela madrugada em que saímos dançando Satellite ao som do Guster pela sala da casa dela, dopadas de sono, brigadeiro e Coca Cola. Aqueles dias em que viajamos à praia e tentamos ver o sol nascer, comendo doces e lendo revistas idiotas. Aquela noite em que assistimos filmes de terror e terminamos abraçadas as três, insones e barulhentas. Aquela esfera celeste que ninguém mais enxergaria, aqueles medos que ninguém mais entenderia, aquelas músicas que nos diziam qualquer coisa sobre easier together. E era mesmo tudo mais fácil quando estávamos juntas. Disso eu jamais esquecerei.
E hoje, aos dezoito (ou dezenove), somos novamente nós duas. Em outro cenário, em outro contexto. A nossa terceira parte, é claro, permanece conectada mesmo que não nos encontremos sempre. Mas, particularmente, quando me viro e novamente a vejo, ela, sentada ao meu lado, é quase difícil de acreditar nesse acaso todo, nessa sorte toda. Como chegamos até aqui? Aliás: como a vida nos separou e reaproximou tantas vezes, em momentos tão diferentes? E agora nossos futuros, quem diria, estão irremediavelmente embaralhados um ao outro. Eu já não sou mais a futura médica que era aos onze anos, mas ela continua sendo a futura jornalista que no fundo sempre foi. O que atesta que fui eu quem mudou de lugar. Mas, na verdade, penso agora, devo ter me mudado para o lugar certo, já que ela continua sentada ao meu lado esquerdo.
E por isso vou compará-la à bailarina clássica que eu sei que ela já sentiu vontade de ser, e direi que ambas estamos dançando em busca do nosso Aplomb* na ponta das nossas sapatilhas. Muito provavelmente ao som do Guster cantando Satellite. Talvez uma instrumental, talvez um rock... não importa tanto. Hoje é preciso apenas que ela saiba que dançamos juntas. É preciso que ela saiba que estamos e estaremos juntas. Que se fôssemos médicas, jornalistas ou bailarinas, ainda estaríamos juntas.
Porque o que o sangue não fez, a vida tem feito: ela continua sendo uma fração de mim.
*APLOMB- Aprumo. Dá-se o nome de Aplomb à elegância e ao controle perfeito do corpo e dos pés, conseguido pelo bailarino ao executar o movimento.
Que lindo esse texto Larissa!!
ResponderExcluirTua amiga vai amar, porque eu mesma senti muita vontade de ser ela a cada palavra que tu escreveu.
beijão!
Perfeito seu texto Chu!!! Amei de paixão *...*
ResponderExcluir"Anos depois, aos quinze, nos sentávamos lado a lado diariamente, e trocávamos nossos bilhetes..."
eu poderia agradecer todos os dias por ter a sorte de estar sentado na diagonal de vcs duas. =]
Aaaaai que coisa linda!!
ResponderExcluirA amizade de vocês é realmente incrível,
somando a esse teu aplomb textual então...
arraso! puro arraso!
Estou há vários minutos com esse box de comentário aberto, porque queria dizer algo além de "você escreve pra caramba e sua amiga tem sorte por ter você", mas você me tirou as palavras. Talvez porque eu tenho uma amiga, com quem tive tudo isso (com outras trilhas sonoras e sonhos) e hoje não sei mais se somos tanto quanto fomos á seis anos atrás, cinco, quatro, três. Só sei que estava com saudades de vir aqui, de verdade.
ResponderExcluirBeijos
Parabéns, Larissa!
ResponderExcluirTexto perfeito!
Sua amiga vai, com certeza, chorar de tanta emoção!
Gostei muito de cada palavra escrita aqui.
Tenha um ótimo dia!
Beijos.
Lindo aqui! Seguindo!!! Obrigada pelos Parabéns Larissa! Feliz Páscoa!
ResponderExcluirBeijos
Muito bom ter pessoas queridas com a gente.
ResponderExcluirFelicidades!
Um amigo é um tesouro valioso não?
ResponderExcluir"Porque o que o sangue não fez, a vida tem feito: ela continua sendo uma fração de mim."
Os amigos sempre acabam por estarem na gente. Fazerem parte do que somos. Porque grande parte do que somos devemos a convivência com eles.
Meu beijo!
Own que lindo! É tão bonito quando uma amizade consegue superar as dificuldades do amadurecimento e permanecer forte :) Eu não tive essa mesma sorte ;~
ResponderExcluirObrigada pela visita e por seguir o blog!
Estou seguindo também.
Beijão.
http://limao-e-mel.blogspot.com
Eeeei :)
ResponderExcluirAdorei seu blog!
Muito liiindo mesmo, parabéns *-*
Bom feriado!
Beijos
ps: Estou seguindo, me segue também?
beijos querida..boa semana..
ResponderExcluirEu compreendo esse amor... Sim, pq temos que compreender, ou seja, entender duas vezes de forma a simpatizar... É um amor único, que não se limita a tempo e espaço... É algo torna nossas vidas mais completas.Cuida bem desse amor, e leva contigo sem perdê-lo de vista, pq ele é um dos mais preciosos!
ResponderExcluirLinda a sua sensibilidade Larissa, adorei!
Bjoo!
Só quem já viveu uma amizade assim compreende a beleza verdadeira do texto. Fiquei emocionada. Um beijo!
ResponderExcluirHBC HDTV:
ResponderExcluirConvidamos você cara leitora, que goste de ler e apreciar um bom conteúdo, onde se encontram tudo sobre: Celebridades, Televisão, Futebol, Coisas Bizarras, Novelas, vídeos de música, pegadinhas e desenhos antigos e atuais, séries e muito mais.
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Ass: HBC HD. www.hbchdtv.blogspot.com
Meu Deus, você nem imagina o quanto me emocionei. Lembrei de algumas amigas, e acabei por me identificar, já que vez ou outra me pego pensando no tempo que já as tenho ao meu lado. Amizade é uma dádiva mesmo.
ResponderExcluirQue texto maravilhoso, Larissa!
Beijos!