quinta-feira, 23 de junho de 2011

Never give up


- But the important thing... is to, hum... you have to face your problems... and you should never ever, ever, ever, ever, ever give up. Never ever, ever, ever. Winston Churchill said that... I think. 


Do filme: Martian Child (Traduzido para Ensinando a Viver)

sábado, 11 de junho de 2011

(Re)conhecimento

I just want to be there when the morning light explodes
On your face it radiates
I cannot escape
I love you 'till the end

Eu abro meus olhos lentamente, nessa minha mania de abrir os olhos durante a noite e verificar se estou viva, segura. Procuro a parede cor-de-rosa do meu lado esquerdo, e noto que ela está branca agora. Susto. Ela sempre fora rosa desde uns quatro ou cinco anos atrás, quando decidi que a parede ao lado da minha cama seria bordô, e meu pai mandou pintarem de rosa bebê. Essa parede branca não é a minha parede rosa. Então abro mais um pouco os olhos, mas não me atrevo a movimento algum - ainda não sei onde estou. Vagarosamente, arrisco esticar uma das mãos para tocar na cabeceira da cama. E não há cabeceira. Então essa cama sem cabeceira também não é a minha cama. Novamente o susto. E por que é mesmo que está tudo tão claro assim de madrugada? Ah, sim. Deve ter amanhecido. É, certamente... mas, o meu quarto também não tem janelas. Essas casas antigas e conjugadas, sabe? De quando as pessoas eram cinzentas dentro de seus pequenos cômodos particulares, mas com um quintal enorme onde receber o sol. Mas aqui, aqui na cama, tão diretamente o sol? Não, esse não é o meu quarto. Céus, não é o meu quarto. Penso desesperada que algo de muito errado acontecera, e que talvez eu estivesse presa em algum sonho. Mas paro a respiração e vejo que é real. Meu cérebro dispara aquele alarme que me faz inspirar o ar novamente, com toda a força. Então inspiro e desistindo de tanto controle, solto de vez. Vou acordar, penso. E é quando um braço me envolve e alguém ao meu lado também suspira forte. Acordei ele, me lembro. ELE. E de repente estou viva. Estou viva e segura e acordada. Eu sei onde estou: ele esteve dormindo ao lado, então eu estou no lugar certo. E me viro vagarosamente para vê-lo. Para ter certeza, sabe? É a enésima noite que durmo aqui e ainda se parece tanto com um sonho, ainda guarda tanta sorte, que me acordo alheia e de repente é preciso verificar. Me viro e sim, que lindo, aqui está ele de olhos fechados, foi só um suspiro. Fecho os meus novamente e bem apertados, toda contente por dentro. Então sinto sua mão tocando de leve o meu rosto, como quem também verifica se sou eu quem está ali, e se realmente estou. Decido não abrir os olhos, deixo que ele arraste os dedos pelo meu cabelo e enfim, sorrio. Será que ele também acordara perdido? Penso, mas não pergunto. Até que bem baixinho, bem levinho, bem quietinho, ele me diz: te amo. E nessas palavras, nessa fração de minuto, é que eu me encontro. "Também te amo."

domingo, 5 de junho de 2011

Domingo

Sento na mesma cadeira de sempre, e abraçada ao mesmo travesseiro de sempre eu solto o mesmo suspiro de sempre e finjo me importar com o que está passando na televisão. Mas no fundo eu não me importo. E como sempre, eu apenas assisto. Esse é um daqueles momentos mais para dentro, sabe? É um daqueles momentos egoístas de domingo, de quando os jornais mostram divisas de territórios em crise, parentes esquecendo que são parentes para ganhar alguma vantagem, dinheiro sujo circulando em lavagens que nunca o tornam limpo... esse é um daqueles momentos em que as coisas parecem desmoronar aos poucos, e o comercial da Coca Cola tenta amenizar os impactos dizendo que os bons são maioria. E devem ser. Mas os bons também têm seus momentos mais para dentro e por algumas horas eles também não se importam. Sei disso porque não sou uma pessoa má, entende? Mas lá estou eu assistindo pequenas cenas catastróficas apenas por assistir, porque é domingo e porque eu precisava abraçar alguém e trouxe o travesseiro para suspirar comigo. Eu suspiro um ar dominical egoísta, de quem encararia melhor a frieza que se espalha lá fora, caso estivesse sempre quente por dentro. Mas eu nem sempre estou. A verdade é que eu não sou como o Sol, e estou muito mais para planeta Terra que congelaria se afastando dele apenas alguns centímetros. Mas é tão domingo hoje... e eu sentada na mesma cadeira de sempre aperto o travesseiro e suspiro outra vez. É quando meu pai, sentado do outro lado da sala, diz: você espera demais. E sinto vontade de dizer que ele também espera, que todos também esperam, mas não digo. Porque eu espero demais. Demais no sentido de durante muito tempo, ou demais no sentido de coisas grandes? Eu não sei, pai. Eu não sei, domingo. Eu tão inquieta e ansiosa, de repente estou inerte. Eu suspiro. E espero que a espera passe.