Sento na mesma cadeira de sempre, e abraçada ao mesmo travesseiro de sempre eu solto o mesmo suspiro de sempre e finjo me importar com o que está passando na televisão. Mas no fundo eu não me importo. E como sempre, eu apenas assisto. Esse é um daqueles momentos mais para dentro, sabe? É um daqueles momentos egoístas de domingo, de quando os jornais mostram divisas de territórios em crise, parentes esquecendo que são parentes para ganhar alguma vantagem, dinheiro sujo circulando em lavagens que nunca o tornam limpo... esse é um daqueles momentos em que as coisas parecem desmoronar aos poucos, e o comercial da Coca Cola tenta amenizar os impactos dizendo que os bons são maioria. E devem ser. Mas os bons também têm seus momentos mais para dentro e por algumas horas eles também não se importam. Sei disso porque não sou uma pessoa má, entende? Mas lá estou eu assistindo pequenas cenas catastróficas apenas por assistir, porque é domingo e porque eu precisava abraçar alguém e trouxe o travesseiro para suspirar comigo. Eu suspiro um ar dominical egoísta, de quem encararia melhor a frieza que se espalha lá fora, caso estivesse sempre quente por dentro. Mas eu nem sempre estou. A verdade é que eu não sou como o Sol, e estou muito mais para planeta Terra que congelaria se afastando dele apenas alguns centímetros. Mas é tão domingo hoje... e eu sentada na mesma cadeira de sempre aperto o travesseiro e suspiro outra vez. É quando meu pai, sentado do outro lado da sala, diz: você espera demais. E sinto vontade de dizer que ele também espera, que todos também esperam, mas não digo. Porque eu espero demais. Demais no sentido de durante muito tempo, ou demais no sentido de coisas grandes? Eu não sei, pai. Eu não sei, domingo. Eu tão inquieta e ansiosa, de repente estou inerte. Eu suspiro. E espero que a espera passe.
O domingo hoje, como disse um menino no meu twitter, tá muito com cara de domingo. E em dias como esse é bom não se importar com nada. É bom parar, pensar e esperar.
ResponderExcluirAh, e em dias como esse também é muito bom ler comentários como os teus. Muito obrigada mesmo por tudo que você já me disse e por sempre me apoiar nos meus (re)começos. Saiba que eu também vou estar sempre aqui, mesmo que longe.
Te adoro Lari!
Beijoo!
Eu é por isso que pego no meu vinho e coloco o meu jaza...e fico assim me deliciando com a vida em câmera lenta..amei o post..bjs..bom dia
ResponderExcluirTexto muito bem escrito, adorei demais.
ResponderExcluirÉ bom ver gente do jornalismo que escreve assim, pensa assim e age assim.
ResponderExcluirAcho que o mundo não está aí para vivermos a vida que ele nos impõe (ninguém vive assim)... então temos que viver a vida que queremos impor, sabe? É por isso que temos escolhas. Bom, eu penso assim.
Temos que viver da forma que queremos: esperando ou não, abraçando travesseiros ou outra pessoa, dormindo o dia inteiro ou lendo ótimos blogs como esse aqui (:
Beijo.
Mas domingo pra mim é dia de inércia mesmo... Se bem que me entrego à ela algumas vezes durante a semana. não devia, não devia...
ResponderExcluir"de quem encararia melhor a frieza que se espalha lá fora, caso estivesse sempre quente por dentro"
Palavras bonitas, adorei.
beijão
A espera passa, as vezes em questão de segundos, o que é dificil de passar, é o vicio de falar sobre isso!
ResponderExcluir=/
@juhhouse
Às vezes eu me pergunto porque o domingo tem que ser assim, essa mesmice. É tudo tão arrastado, tão etafante neh? É tudo tão domingo. Penso que talvez precisemos de um dia assim, pra que demos um freio, pra ser mesmice mesmo! Então que assim seja, que nos sentemos na mesma cadeira e tentemos ver os mesmos programas, e olhar distante, perto de quem queremos estar!
ResponderExcluirParabéns Lari! :D
engraçado que as vezes a rotina é tão acolhedora e as vezes tão fria..
ResponderExcluirNão é atoa que eu sempre digo que Domingo é o dia do tédio.
ResponderExcluirBelo texto flor!
Beijos
Esperar é um exercício paciente. E nessa espera eu me encontro todos os dias, como se eles fossem insignificantes copias de um mero domingo. Mas, como você mesma bem sabe, levantar-se daquela cadeira do canto da sala e abandonar o travesseiro, para que ele suspire sozinho, é uma das atitudes mais difíceis. Porém a mais sábia.
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