terça-feira, 4 de maio de 2010

Agora tanto faz.

Por favor, menininha, se impermeabilize mais. Por favor não se quebre em tantas partes, não se descosture, não se rasgue. Por favor, não chore. Não, não chore. Escreva em seu blog, escreva em todas aquelas folhas em branco dos seus cadernos, e transforme tudo isso que você sente agora em algo de bom. Algo para depois. Como aquelas quedas, que dias após são apenas joelhos arranhados, e em mais alguns dias não são quase nada. Por favor, menininha, peça para alguém soprar, peça para alguém segurar. Encontre alguém que dê umas batidinhas nos seus arranhões e te pergunte se passou a dor. E permita que passe.
Menininha, não queira ser tão forte. Ninguém precisa ser.
Não diga que não foi nada, quando te perguntarem o que aconteceu. Por favor, seja um pouquinho mais corajosa e deixe que saibam. Aceite que na maioria das vezes, as pessoas desconfiam, e em alguns pequenos intervalos de suspeitas, elas encontram. Elas descobrem. E você não precisa, menininha, se sentir assim tão invadida - assim tão estranha aos outros, assim tão solta, tão frágil.
Vamos, menininha, você já chegou tão mais longe do que supôs que chegaria. Não tenha tanto medo. Procure embaixo da cama para ter certeza de que não há nada no escuro para assustar você. Porque é justamente quando as coisas se tornam claras, que é mais assustador enfrentar todas elas.
E quando não puder gritar alto o bastante para que alguém te salve, menininha, segure as suas próprias mãos. Talvez estivessem tentando te ensinar isso, quando disseram que você era ímpar. Talvez você precise entender que, de vez em quando, ímpar não tem mesmo par.
Por favor, menininha, não chore. Não se sinta tão boba ou indefesa só porque se sente pequena. Lembre das estrelinhas, lembre das formiguinhas, e de todas as lembranças nas quais se encaixe um diminutivo que você goste. Mas não deixe (jamais) que te diminuam.
Vamos, menininha, cresça. Escreva, escreva, e não chore assim. Mesmo que você se exponha, mesmo que te critiquem. Acredite, menininha: alguém vai ler e então pensar que não está sozinho(a). Alguém vai te ler, e te ter como companhia, somente por saber que você também precisa ser acompanhada. Então, menininha, esqueça todo o resto.
Porque agora tanto faz.

6 comentários:

  1. Estou devendo visitas/respostas aos comentários da postagem anterior, desculpem. Respondo nos próximos dois ou três dias. Obrigada.

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  2. 'Escreva, escreva, e não chore assim. Mesmo que você se exponha, mesmo que te critiquem. Acredite, menininha: alguém vai ler e então pensar que não está sozinho(a). '

    Cara, foi muito bom ler isso. As vezes até pra escrever a gente precisa ser forte...

    lindo, mais uma vez.
    beeeeijo ;*

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  3. Sempre chega um momento em nossas vidas que nos sentimentos diminuídos/deixados/largados, quem nunca passou por essa fase que arremesse a primeira barra de chocolate. Rs'

    E lendo mais um de seus texto eu posso analisar, sorridente, que ainda existem muitas pessoas como você, que conseguem enxergar essas fases de um modo positivo, agregador de experiência.

    Que o(a) eterno(a) menininho(a) que existe dentro de cada um de nós possa aprender cada vez mais com textos e momentos como esses.

    Eu aplaudo de pé cada vez que passo por aqui! Rs'
    Ficam aqui o meu beijo e a minha atenção!

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  4. Escreva, escreva e escreva. Por que se não eu vou me sentir orfão. Beijos.

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  5. Sabe o que me parece?
    Que você entrou na minha vida e viu tudo que estava acontecendo, ai resolveu escrever isso daí,Larissa, você lê pensamento?
    Vou segurar minhas próprias mãos de agora em diante, sabe, foi uma otima dica.

    Beijos e passa no blog.

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  6. Nossa, você deveria escrever um livro ! MUITO BOM esse texto.
    Vale muito a pena passar por aqui sempre que se sentir diminuída(o) !

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