Eu me lembrei daquele dia, em que abri meu caderno numa folha completamente ocupada por corações que eu mesma havia desenhado. E você me olhou como se previamente soubesse que - distante da aula à minha frente, e distante do dia em que eu enfeitara aquela folha - os corações agora iriam me machucar. Ah, mas eles eram tão perfeitos, não eram? Até mesmo os contornos falhos, entre uma disposição menor e outra maior dos meus dedos ou da minha caneta... eles eram perfeitos. Inteiros, soltos e quase simétricos. Mas você sabia que naquele momento, justamente por já não serem um reflexo do meu, aqueles corações iriam doer. E foi quando eu comecei a quebrá-los, acrescentando pequenas rachaduras exatamente no meio de cada um dos corações. E você continuou me olhando, como se aquela fosse a minha atitude mais previsível e óbvia. Porque, no fundo, você entendia que era aquilo que eu precisava: ver todos os corações rachados, para que se parecessem mais com a minha sensação de quebra, de cacos, de falhas e de finais felizes interrompidos. E assim eu rachei todos eles, para me doerem menos, ainda que cada traço que os quebrasse, me doesse mais um pouco. Então mais tarde, te emprestei o meu caderno. E você o segurou no colo, como se segurasse a coisa mais frágil do mundo, e procurou a minha folha preenchida com corações quebrados.
Foi quando aconteceu: risco por risco, traço por traço, você apagou todas as rachaduras dos meus contornos perfeitos. E me devolveu os corações. Inteiros, soltos, simétricos. Você me entregou o caderno aberto e, erguendo uma das suas sobrancelhas, você me sorriu. Então eu soube que aquele seu cuidado com tamanha fragilidade era, na verdade, para mim; para que eu me apoiasse em você e talvez conseguisse ser mais forte. Aquela sua paciência era somente para que o meu próprio coração se sentisse novamente inteiro. E aquele seu sorriso, aliás, era quase o próprio choque de tudo em mim voltando a bater. Porque naquele momento tão terno e tão simples, você me salvou.
E dali em diante eu entendi que, às vezes, seria essencial apagar as rachaduras. E simplesmente continuar batendo.
Foi quando aconteceu: risco por risco, traço por traço, você apagou todas as rachaduras dos meus contornos perfeitos. E me devolveu os corações. Inteiros, soltos, simétricos. Você me entregou o caderno aberto e, erguendo uma das suas sobrancelhas, você me sorriu. Então eu soube que aquele seu cuidado com tamanha fragilidade era, na verdade, para mim; para que eu me apoiasse em você e talvez conseguisse ser mais forte. Aquela sua paciência era somente para que o meu próprio coração se sentisse novamente inteiro. E aquele seu sorriso, aliás, era quase o próprio choque de tudo em mim voltando a bater. Porque naquele momento tão terno e tão simples, você me salvou.
E dali em diante eu entendi que, às vezes, seria essencial apagar as rachaduras. E simplesmente continuar batendo.
Olá, Flor ♥
ResponderExcluirnenhum machucado deve nos interromper a vida ou o amor.
ResponderExcluirmuito fofo o seu texto menina :*
Que lindo o seu blog..se vc quizer dar uma passadinha la no meu blog,me segue também ok.bjão
ResponderExcluirAi... que lindo. Juro que consegui imaginar essa cena e, de repente, fiquei com uma vontade de ter alguém assim, que apagasse as rachaduras do meu coração...
ResponderExcluirMais uma vez, texto perfeito Larissa. ;D
beeeijo!
É tão bom quando alguém apaga as rachaduras dos corações pra nós. Até porque, nós mesmos não conseguiriamos fazer e se não fizessem por nós, aquelas rachaduras iriam crescer....
ResponderExcluirÉ bom ter em quem se apoiar.
Grande beijo
Nenhum machucado deve atrapalhar um amor, e que bom que vc apagou as rachaduras, não vale a pena guarda-las!
ResponderExcluirEmbora elas nos faça crescer!
Amei o texto!
bjos
Olá FLOOOOOOOOOORRRR *.* Quando eu comecei a ler parecia que tudo estava pasasndo na minha frente como um filme. E só tem tu pra fazer isso mesmo. Florzinha *.*
ResponderExcluirLuv'Ya
Tá lindo!
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