Era uma despedida.
Aquilo que todos detestam, que todos evitam. A última batida que interrompe o ritmo. O instante em que algo se quebra, alguém vai embora, e não há como voltar.
Sim, uma despedida.
E seria morrer um pouco, desfazer-se em parte, para qualquer pessoa comum.
Mas eram ele e ela. Os dois.
E com eles tudo funcionava de forma diferente. Parecia quase uma espécie de acordo, no qual ambos oficializavam ser, secretamente, contrários ao trivial.
A partir dali, tomariam rumos opostos.
Embora continuassem sentados naquele banco, parados lado a lado, já pareciam distantes. E embora a conversa estivesse terminada – assim como todo o resto – ainda havia algo suspenso, encaixado nos centímetros quilométricos que os separavam.
Então era isso, o fim.
Ela suspirou e sorriu. Olhou para os próprios pés, que batiam compassados no chão.
Acontecia sempre que sentia-se nervosa.
Ele fingiu não reparar. Olhou para frente e sorriu também. Não iria suspirar.
Ela pôs fones nos ouvidos.
Ele puxou um dos fios.
“Posso ouvir com você?”
E então lá estava. A música que contaria todos os detalhes de uma história que só os dois poderiam entender – e que nem mesmo eles saberiam explicar.
A música que aos poucos tornava-se mais e mas agitada. O coração ou os pés de alguém incomum, tanto faz.
A mesma música que um dia ele pôs para tocar.
Na primeira vez em que ouviu, ela não considerou nada em especial. Mas como aquelas coisas não importantes que vamos cativando aos poucos, acabou por ser a música certa.
Certa para o começo e para o fim.
E antes do final, certa também para o refrão.
Eles aumentaram o volume.
Viraram um para o outro, num desafio mudo. Típico. Estreitaram os olhos e sorriram, como se perguntassem qual dos dois ainda lembraria a letra. Então cantaram, desafinados e exagerados, como haveriam mesmo de ser.
Era algo dançante. Seria um rock antigo ou o que eles quisessem que fosse. Tudo, menos coerente. Nada a ver com melancolia, arrependimento ou saudade. Nada a ver com adeus.
Nada convencional.
Mesmo que um tanto previsível.
Porque até eu sei, e qualquer um de nós saberia, que a música também vai parar. E eles vão rir de si mesmos. Vão achar aquilo tudo tão injusto quanto irônico, e vão se obrigar a deixarem-se ir. Ele vai obviamente piscar um dos olhos, sorrir, e levantar primeiro.
Ela não vai piscar de volta. Mas, que óbvio, ainda vai estar batendo os pés.
Vão caminhar para sentidos contrários, cantando baixinho alguma coisa familiar.
E terá sido único.
Uma despedida. Do jeito deles de se despedir.
Despedidas. Pontos finais. Eles devem ser assim, sabia?
ResponderExcluirNão-convencionais.
Linda a parte em que vc fala da música, que com o passar do tempo se torna a mais importante. O verdadeiro amor é assim.
Quando a gente está certo da razão, vê que tudo na verdade está no devido lugar, os pingos nos is e lá embaixo, sem ser radical, um ponto definitivo, mas não negativo.
Sempre que vc precisar conversar:
minnie_foxinha@hotmail.com (só não liga pro nome pq é uma longa história de qnd eu tinha 12 anos... ¬¬')
Um grande beijo, flor!
Despedidas são cruéis e geralmente convencionais. Quem sabe assim, ao som de um rock e nada de convencional, o momento acabe por ser menos doloroso! Devia ser sempre assim!
ResponderExcluirBeeijos!
despedidas são as coisas que eu MAIS odeio do mundo.
ResponderExcluirsão dificeis, não da pra saber como agir, a unica coisa que não se pode disperdiçar é um abraço..
entao meeu, isso aqui faz tanta falta pra mim.
fiquei tanto tempo longe de pc, longe de tudo.
ainda to muito, mas eu sinto falta sabe, ve todo mundo comentando lá.
eu me surpreendo, mas fico MUITO feliz.
e continue assim, voce escreve muitoooo :D
boa páscoa, coma muitomuitochoc :D
beijao!
Neh moça ? E o que mais me entristeçe é saber que eu realmente nao dei valor a tudo isso ..
ResponderExcluirMas sempre temos uma segunda chançe ne ? Vamos aproveita-la
Brigada pelo comentario, volte la sempre ok ?
Beijaooo
Otima Pascoa
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