sábado, 14 de novembro de 2009

De tudo.

Ser é um espaço sempre aberto.
É como pequenas lacunas, que preenchemos para nos sentir menos vazios. E isto nos completa.
É como um dos mistérios que guardamos sem que ninguém perceba. É o conjunto de tudo que aparentamos, somado ao que escondemos dentro de nós mesmos. É como uma folha colocada entre duas páginas dos nossos livros preferidos. Como um perfume preso numa roupa dentro de uma das nossas gavetas. Quase, e bem quase, esquecemos. Até que encontramos.
Somos a parte que insistimos em omitir das nossas reações, vontades e textos. O neologismo que inventamos sem contar a ninguém.
Somos nosso segredo. Um daqueles pactos pelos quais se fura um dedo. Uma mão que se coloca perto do ouvido de alguém, para abafar um grande boato. Uma mensagem escrita em códigos, às vezes fáceis de se decifrar. Não pretendemos que revelem, porque há coisas que só percebemos quando estão ocultas. Como declarações de amor, que só entendemos enquanto estão caladas. Então quase sempre, antes de mostrar, guardamos.
E não precisamos em tudo que saibam.
Ao menos, precisamos que não saibam de tudo.

3 comentários:

  1. Deixo assim ficar subentendido...
    AMO as coisas subentendidas. E amei teu texto, como sempre.

    bjobjo ;**

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  2. vc nao sabe quantas milhões de vezes eu entrei aqui hj :]

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  3. "Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos." [Cl]

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