domingo, 29 de novembro de 2009

Dizer é quase dar à luz.

Há coisas que penso - com respeito ou não - que eu não falaria a ninguém, e talvez nem mesmo em voz alta, para que inclusive eu, não precisasse escutar. E há, opostamente, coisas que eu poderia contar ao mundo. Algumas estão esperando que eu as escreva. Outras, esperando que eu ganhe coragem e as perca, gritando-as até cansar a voz. E estas últimas, talvez, esperem para sempre, sem que eu me torne corajosa o bastante para que sejam ditas.
É que as coisas ditas, vivem. Às vezes, nos escapam acidentalmente, e depois não sabemos como recuperá-las. Palavras, palavras, que se pode fazer? Correr ao alcance, como se corre (inutilmente) atrás de pipas que sabem voar? Dizer é quase dar à luz. Deste jeito que percebo o quando é arriscado, e o quanto não há salvação, sem antes haver o risco.
Sobre o que não digo, prefiro que não me questionem. É que me flagro imaginando o que não se deve questionar a alguém - deve-se apenas deixar que aconteça. Mesmo sem ser dito, e por assim dizer, sem estar vivo. Acontece. Quando (de tão imaginado) se torna maduro o suficiente para cair. Como se minha imaginação fosse uma espécie de pomar, que casualmente oferece bons frutos. Enquanto eles estão verdes, me assusto supondo que alguém possa adivinhá-los; que alguém possa, apenas olhando para mim, decifrar o que censurei para não ser decifrado. Invasivo é pensar que outra pessoa possa colher o que penso, em meu lugar.
Não quero que provem o que ainda não ofereci para ser provado.

3 comentários:

  1. exato. senão respostas se tornarão frustrantes

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  2. Oi querida!
    Tava procurando um abrigo, vim parar aqui. Hoje eu não tô com vontade de encarar o teto antes de dormir...
    Nossa, eu tenho esse mesmo hábito, de plantar palavras pra semear um pouco de vida. Ando me policiando muito pra guardar algumas coisas só pra mim, ultimamente o meu eu lírico ficou meio introvertido, tímido. Tô sendo egoísta, nem escrever no meu caderninho eu escrevo. Tomara que o meu blog me perdoe essa diabrura, mas tava precisando disso, guardar algumas coisas pra madurar, outras pra esquecer.

    Um grande beijo, flor!

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  3. Parir palavras foi a melhor coisa que já li hoje.
    Sempre achei que é por ai mesmo..
    Meus poemas são como filhos, sairam de mim.

    Lindo blog, e o texto está um encanto.

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