quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Um para o outro.

O que não se aprende por amor?
Eles estavam apaixonados.
E é tão simplesmente assim, que começa esta história. Não porque seja simples – ou lhe bastaria uma única frase.
Mas porque apaixonar-se foi, para eles, como a primeira fração que desencadeou todas as outras. E como acontece a quase todos que se apaixonam, de alguma forma, não havia a pretensão de acontecer.
Ela possuía uma característica atípica.
Ele, tinha um comportamento incomum.
E estavam apaixonados. Sim. Porque mesmo que suas vidas fossem inteiramente diferentes, estavam juntas em um ponto comum.
Ela estava acostumada a se despedir de tudo, e apenas permanecer. Dar adeus às coisas e pessoas que a cercavam, e deixar que partissem. Trocar hábitos, companhias e circunstâncias, como se seu destino fosse esperar numa espécie de estação de trem – para sentar e observar todos que embarcassem, enquanto ela ficava para trás. Viver, seria aprender a não sentir falta. E ela havia aprendido bem.
Ele, por outro lado, estava acostumado a se despedir de tudo, e apenas ir embora. Deixar que as coisas e pessoas que o cercavam lhe dissessem adeus, e então partir. Trocar hábitos, companhias e circunstâncias, como se seu destino fosse esperar numa espécie de estação de trem – para embarcar e observar todos que permanecessem, enquanto ele deixava tudo para trás. Viver, seria aprender a partir e não voltar. E ele havia aprendido bem.
- Fomos quase feitos um para o outro – ela disse – porque quando for a hora, você saberá como ir, e eu saberei como deixar que se vá.
- Que irônico – ele respondeu – pensar que nos encaixamos tão perfeitamente, que fomos feitos até para nos despedir.
Sim. Quase feitos um para o outro, aparentemente desde o começo. E talvez até o fim.
Ela continuaria sem ele.
E ele, seguiria sem ela.
Ela esperaria por outras chegadas, por qualquer nova surpresa que desembarcasse; assim como aquelas garotinhas que amarram o cadarço de seus sapatos, enquanto esperam o ônibus para chegar em casa.
E ele procuraria por outras partidas, por qualquer novo encontro que alcançasse; assim como aqueles garotinhos que ignoram seus cadarços desamarrados, enquanto correm sem saber aonde pretendem chegar.
Seria fácil e previsível.
Mas eles estavam apaixonados. E às pessoas que se apaixonam, estão reservadas as grandes perguntas. Errados os que esperam pelas grandes respostas.
- E se, pela primeira vez em toda a minha vida, eu aprender a sentir falta? – ela perguntou.
- Então, - ele respondeu – eu terei que aprender, pela primeira vez em toda a minha vida, a voltar atrás.
E então, o que não se aprende por amor?

8 comentários:

  1. oq não se prende? a própria liberdade que nos deixa enforcados!

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  2. eu tb me pergunto isso ..
    e ai , o que não se aprende/faz por amor ?

    boa pergunta , e maravilhoso teu texto . Como sempre .
    um beijo :*

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  3. Meu Deus, muito bom esse texto!!
    Sério, a cada post tu me surpreende mais.

    bjsbjs. ;*

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Minha nossa, normalmente não comento, mas esse texto, mais do que os outros, está O.O
    realmente muito bom, me faz pensar sobre algumas coisas do agora
    valeu lari

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  6. Oi....como estas??

    Muito lindo, viu...Eu, particularmente, sou seu fã, adoro seu blog...

    Tenha um lindo final de semana.
    Bjoos

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  7. Posso roubar pra mim?
    Não se preocupe q darei os devidos creditos!!!

    E q não resistii..ta muito lindo!
    Bjo

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  8. Muito, muito belo. Querida, vc consegue deixar a sua alma transparecer por esses textos, sabia? É por isso que eles ficam tão bons.
    "Porque mesmo que suas vidas fossem inteiramente diferentes, estavam juntas em um ponto comum." Eu não poderia definir melhor o amor.
    E é verdade que as pessoas só realmente mudam quando se sentem amadas.

    Um grande beijo, florzinha.

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