quarta-feira, 21 de julho de 2010

Minha Neologia

"See I'm all about them words
Over numbers, unencumbered numbered words;
Hundreds of pages, pages, pages for words.
More words than I had ever heard,
And I feel so alive."


Querido blog, este é para você.
Para você, que por vezes foi o lugar que procurei correndo, fugindo, tateando no escuro das coisas que me atingiam, para achar palavras que por acaso me salvassem. Este é porque naquele Janeiro, há alguns meses mais do que um ano atrás, eu não tinha pretensão de te levar por tanto tempo. Mas você me levou. Você me trouxe, aliás. E aqui eu ancorei minhas decepções, meus medos e minhas despedidas intermináveis, enquanto nadava incansavelmente à procura de um porto onde encontraria a mim mesma. A verdade é que eu ainda não encontrei, mas quem se encontra? Talvez seja essa a magia e a maldição: mergulhar e nadar, vindo à tona recuperar o fôlego, sem jamais encontrar-se ou aportar definitivamente.
Mas este não é sobre mim, é sobre nós. E é para você, querido Blog, no qual abandonei rascunhos não publicados, que ninguém chegará a ler. Eu que tantas vezes te confundi com meus cadernos fechados no armário do quarto, e com os livros que um dia sonhei em escrever. Sinto-me presa de um modo libertador, como se me houvesse viciado em algo não material. E é provável que poucas pessoas me entendam. Mas tudo bem, não é? Tudo bem se me entendes, já que me ajudas a entender.
Querido Blog, acho que ambos devemos agradecimentos a cada comentário, a cada seguidor, a cada acesso anônimo que me faz adivinhar rostos e supor identidades. Agradeço escrevendo, porque não sei fazer de outra forma. Percebes, querido Blog, que todas essas pessoas, todos esses dedos que nos teclaram mensagens por todo esse tempo, são também fiéis a nós. E fazem parte do que enxergam aqui, mesmo que eu nunca tenha lhes contado de minha gratidão. Eu lhes contei?
Não digitei tuas treze letras à toa, querido Blog, reparas bem. Não procures um sentido muito lógico, porque não há. Mas bem sabes que és mesmo meu - tens a cara de meus delírios, de minhas obsessões, de meus desejos e de minhas vontades. E és mesmo um neologismo - tens também a abrangência das coisas recentes, modificadas, já que nunca suponho em excesso o que escreverei da próxima vez. Terias o cheiro de um livro de páginas novas, se eu pudesse te materializar. Mas, terias também a sensação de coisas antigas, depois de serem renovadas. Porque as prefiro assim.
Querido Blog, mesmo que despretensiosamente, lembro-me por que criei você. Lembro-me, e sentiria-me desleal, caso esquecesse. Você acredita? Nem eu; mas é daquelas verdades que não precisam que alguém acredite. Acontece e é só. Me apaixonei por você, e por te escrever. Esquecer por que começamos, seria trair a sua espera, as suas recepções diárias, sua resignação à minha vontade (temperamental) de escrever. Um dia publicarei outras coisas, nós dois sabemos. Falarei a outras pessoas, abandonarei outros rascunhos e me apaixonarei novamente. Mas por enquanto é somente você. E este texto é seu. Para você que não nasceu para esperar a faculdade de Jornalismo, mas para esperar por mim, e fim. Você que não surgiu para que outros se apaixonassem, já que és mesmo uma paixão particular.
É que escrever não significa desentortar minhas inseguranças, fazer propaganda de atributos que sequer possuo, ou promover qualidades que são bonitas apenas quando não se admite ter. Bem sabes. Escrever é um resgate que sempre me faz efeito, um acalento para embalar minhas angústias enquanto a coragem me empurra a mais um passo. Escrever é esse espaço imenso, branco, ávido de ser preenchido, como corpos ávidos um de outro. Escrever é físico, (senti)mental, pleno. E se em ti eu escrevo, querido Blog, para mim tens igual plenitude. Eu te desejo e me sacias. Não para que considerem literalmente interessante, mas somente para que os que se importam, considerem. Gosto que gostem de nós, entendes? Mas se sentires medo, direi que não precisas de aprovação, Minha Neologia. Precisas apenas ser escrito. O que se desenrola é consequência.
Este então, é para você; como muito provavelmente foram todos os outros, mesmo que de uma forma indireta. Te agradeço pelo bem enorme que me fazes, Minha Neologia. E confidencio: se eu soubesse dançar de modo deslumbrante, eu dançaria. Se minha voz por acaso soasse terna e também poderosa, eu cantaria. Se minhas mãos fossem mais hábeis, e meus sentidos mais perspicazes, eu encontraria outra forma de arte. Pintar, tocar, compor, interpretar. Mas somente escrevo, como reparas. Escrevo por não saber de que outro modo me tocaria tanto. E jamais duvidei de que fosse essa a resposta. Já aprendi a aceitar que ninguém me decifra o bastante, se não decifrar o que eu escrevo. Acredito nessas coisas da vida assim escritas.
E sou infinitamente grata a quem acredita comigo.

13 comentários:

  1. Desta vez, meu muito obrigada especial, a todos os blogueiros, visitantes, curiosos, amigos, conhecidos, anônimos que já passaram por aqui. Que este primeiro comentário seja meu, mas que todos os outros permaneçam à disposição de vocês. Agradeço as visitas, o carinho, as críticas, os elogios, as indicações a selos, os presentes, mas principalmente: agradeço sua paciência. Comigo, com minhas linhas, com meus assuntos, com minhas pausas. Obrigada por estarem comigo, por me darem a certeza de que não construo esse espaço sozinha. Um beijo para Minnie, Fe, Will, Marcela, Tânia, Natália, e aqueles que estiveram presentes desde o começo - ou me pareceram estar. E meu afeto a todos os que já vieram ao menos uma vez, ou várias.. e aos que ainda virão.

    Pessoas a quem já dediquei textos, ou que simplesmente os leram: isso não funcionaria sem vocês.

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  2. Eu sempre costumo dizer que escrever alivia a alma, e acredito que é o que todos nós blogueiros procuramos vivendo essa arte.
    Belo post.

    http://rebecarocha14.blogspot.com/

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  3. Em quase 2 anos de blogsfera... É a 1ª vez que vejo um texto desse "nipe". Talvez tanto sentimento e tanta capacidade sejam os principais fatores que tornam "Minha Neologia" um blog tão peculiar.

    Ao longo desses últimos meses, viemos contruindo uma ótima amizade. E toda essa troca de experiênxias tem me feito muito bem! Sou muito grato por tudo isso! ( =

    Em quanto Deus me permitir, estarei por aqui!
    Meu beijo, admiração, carinho, respeito e mais um montante de sentimentos bons!

    ;*

    p.s: Só de pensar que aquele "Will" pode se referir a mim, eu já senti um frio na barriga. Rs'

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  4. Belo post, adorei os outros também. Seguirei diariamente.

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  5. Tô sem palavras. Sério, muito lindo mesmo esse post. Teu blog é um dos que eu mais gosto, é um daqueles blogs que eu não consigo não ler. E sempre saio daqui feliz.

    E como disse o Will, só de pensar que aquela "Fe" pode ser eu, já dá um friozinho na barriga mesmo. hehe

    beeeijo :*

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  6. Sei que o Fe não é pra mim. Porém me sinto beijado, sempre, pelas suas palavras, pelas suas histórias, pelos seus sentimentos tão bem escritos. E isso que faz tudo aqui ser mágico. O Minha Neologia é uma das coisas mais fantásticas que já aconteceu na minha vida, pode acreditar. E se ele é tão especial para você pode ter a certeza que também é para mim. Por isso eu digo: Acredito e continuarei acreditando em você, e com você. Beijos no coração.

    E que esse caderno cheio de paginas que se chama vida tenha sempre o seu toque, pois assim saberei que ela vale a pena.

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  7. Acho que eu me indentifiquei tanto com suas palavras (você na verdade né) nesses tempos que li o seu blog, que tornou-se um endereço ecenssial a ser visitado...eu gosto daqui, gosto da maneira que você escreve e da forma como faz parecer que nós estamos conversando, e não lendo o que você escreveu. O Minha Neologia deve ser muito grato por ter você preenchendo esse espaço branco dele...
    Parabéns pelo blog e que ele continue por tempos ainda. Beijos

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  8. Me apaixonei por cada linha, assim como por cada texto que já li aqui. Você escreve imensamente bem, já disse-lhe mil vezes. Soube descrever perfeitamente o significado de um blog pra quem é blogueiro. Parabéns! :)

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  9. Ahh.. eu que agradeço Lah *-----*
    Quantas vezes as sua palavras me salvaram também.. me consolaram.. e me fazem um bem enorme.
    É um prazer te seguir e ler (e acreditar) tudo o que voce escreve.. que são palavras sempre cheias de sentimentos, são sensíveis, delicadas e ao mesmo tempo fortes.. mas nunca duras. *--*
    Voce tem um dom .. e é mais que "escrever" .. voce tem o dom de transmitir sentimento .. atavés das palavras. Isso é lindo.
    beijos, beijos. Amo isso tudo aqui. ♥

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  10. Ahh.. como disse o Will.. *-*
    Só de pensar que aquele "Tânia" pode se referir a mim, eu já senti um frio na barriga. Rs'

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  11. "Escrever é físico, (senti)mental, pleno."

    Nesse momento eu arregalei os olhos como se fosse uma sacada GENIAL. E é! Escrever é tão física que às vezes me dói. Às vezes me faz cócegas. Às vezes me dá frio... outras me dá calor.
    Obrigado por mais um post lindo. Você me inspira!
    Beijos!

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  12. Extremamente lindo! Nossa, cada linha transborda tua intensidade e teu amor a essa forma tão linda de expressar sentimentos em palavras. Me identifico com cada linha do que tu escreveste. Parabéns, como sempre!

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  13. Nossa!! Que post perfeito!!!

    Lindo demais!
    Amei!

    Desejo pra ti uma maravilhosa semana!!

    bjoO

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